A Terapia Cognitiva-comportamental (TCC) é amplamente usada no tratamento dos distúrbios de sono, em especial da insônia crônica, associada ou não a comorbidades. A TCC visa promover transformações no pensamento e nas crenças do paciente, tendo em vista mudanças emocionais e comportamentais duradouras.
A insônia é a percepção quantitativa ou qualitativa de falta de sono. Richard Bootzin, em 1977, foi o primeiro terapeuta a descrever técnicas da terapia cognitiva-comportamental para o tratamento de indivíduos insones. Buscava enfraquecer hábitos e crenças incorretas que prejudicavam o sono e levavam o indivíduo a permanecer acordado, criando novos hábitos e um entendimento sobre o dormir e o adormecer rápido. O paciente insone apresenta sensação de que os pensamentos não desligam, como se estivesse em constante ameaça, precisando estar vigilante e acordado para se proteger.
Vários autores formularam e compararam técnicas (com ou sem o uso de medicamentos), formas de aplicação da TCC (individual ou grupal), maneiras de ser apresentada (internet, livros, presencial), qual a duração do tratamento (número de sessões), bem como o tipo de profissional mais adequado para conduzir as sessões (se psicólogo, enfermeiro ou assistente social). Todas essas técnicas foram efetivas na proposta final de aumentar o tempo de sono do paciente e na disseminação do tratamento para os que não buscam ajuda por falta de conhecimento e para os que não têm condições de buscá-lo, seja por falta de recursos, seja pela distância dos centros de atendimento.
As técnicas mais utilizadas e que se mostraram mais efetivas para diminuir os sintomas qualitativos e quantitativos da insônia são controle de estímulos, intenção paradoxal, restrição do sono, higiene do sono e relaxamento.
Todas as “lições de casa” e os horários que dormiu devem ser marcadas num diário de sono, na manhã seguinte: o horário em que foi para a cama, a que horas adormeceu, quantas vezes e por quanto tempo ficou acordado no quarto, se saiu dele e o que foi fazer (ir ao banheiro, comer, fumar, mexer no computador, ver televisão etc.), quando acordou, a que horas se levantou e se fez cochilos durante o dia. Deve anotar também os pensamentos que passaram pela mente enquanto ficou acordado e todas as rotinas para ir para cama. O Diário de Sono facilita a visualização do que está acontecendo na sua noite, para modificar os comportamentos inadequados.
Por meio desse instrumento o terapeuta tem informações sobre quanto tempo o paciente dormiu ou ficou acordado durante a noite, qual a eficiência do sono (proporção entre a quantidade total de sono da noite dividida pelo tempo em que ficou na cama), como é o período de latência (quanto tempo demorou a adormecer depois de deitar), se há regularidade nos horários de dormir e acordar durante a semana e nos finais de semana, se faz cochilos durante o dia e com quais atividades e pensamentos deparou à noite.
Na década de 80, surgiram os primeiros protocolos da TCC para insônia, combinando um módulo cognitivo para o sono e um comportamental para mudanças de hábitos. Juntas, essas técnicas se mostraram mais eficientes e duradouras que as demais. Se utilizadas conforme a necessidade do paciente, elas são suficientes para o indivíduo ter de novo controle sobre seu sono.