Para avaliar o efeito terapêutico de uma intervenção é necessário a elaboração de um estudo cientÃfico denominado ensaio clÃnico randomizado, que apresenta nÃvel I de evidência cientÃfica. Nesse modelo de estudo é selecionada uma população com determinada doença que será dividida em dois grupos: um que receberá a intervenção testada e o outro que não receberá intervenção ou receberá tratamento placebo. Os resultados obtidos são avaliados através de testes estatÃsticos, que nos demonstram a eficiência da intervenção proposta.
Com a promessa de eliminar o ronco e promover boa noite de sono, a faixa antirronco se tornou assunto nas redes sociais. Mas qual o valor cientÃfico deste tratamento? Realizamos uma análise dos dados apresentados pelo desenvolvedor do produto, disponÃvel em:
Neste site há demonstração dos resultados obtidos por apenas 10 pacientes que utilizaram a faixa. Esses pacientes realizaram uma polissonografia e tiveram o diagnóstico de sÃndrome da apneia obstrutiva do sono e dois anos depois, repetiram o exame com o uso da faixa antirronco.
A média de eventos de ronco sem o uso da faixa foi de 1517/noite e a média de eventos de ronco com o uso da faixa foi de 1464/noite (p=0,93). Esses dados demonstram que não houve melhora do ronco com a faixa.
O estudo no qual se baseia a comercialização da faixa antirrono não tem qualquer evidência cientÃfica, pois não é possÃvel chegar a uma conclusão válida com um número tão pequeno de pacientes avaliados. Além disso, não houve um grupo de pacientes para ser comparado (grupo controle) e a avaliação dois anos depois pode estar comparando um paciente muito diferente daquele de dois anos antes, principalmente pela variação de peso, tanto para mais quanto para menos.
Ressaltamos a importância do diagnóstico da apneia obstrutiva do sono feito através de avaliação médica e polissonografia. Usar a faixa antirronco pode mascarar ou agravar uma doença existente.